Mesclando duas fortes temáticas, a homossexualidade e a Alemanha Nazista, esse filme traz uma beleza por trás da
tristeza. Já é de se imaginar o que se passava dentro dos campos de
concentração à época da ditadura hitleriana, agora acrescente a esse contexto
um romance entre dois homens em um ambiente hostil. O resultado é de uma
mistura explosiva nesse drama de 1997, intitulado Bent. A produção, do diretor Sean Mathias (mais conhecido como
diretor de teatro), é inspirada na peça com o mesmo nome. O filme foca no
relacionamento entre dois presos que se apaixonam, sendo que um deles, Max,
interpretado brilhantemente por Clive Owen (A
Identidade Bourne, Closer – Perto Demais, Sin City), quando entra na prisão
não assume a sua verdadeira identidade como gay, e usa uma estrela amarela (que
representa os judeus) ao invés de um triângulo rosa (que representa os
homossexuais). Max conhece então Horst (Lothaire Blutheau), que usa com orgulho
o triângulo rosa, e a partir de então os dois enfrentarão conflitos pessoais e
limitações ferozes para alimentar essa paixão. É incrível como os dois
conseguem estabelecer uma relação intima dentro de toda essa hostilidade e,
apesar das diferenças de cada um, nasce um vínculo que torna o filme belo. E
sendo proibido o contato físico entre eles, Max e Horst conseguem, numa das
cenas mais sensíveis do filme, manter uma relação sexual só através das
palavras, e os dois sentem um ao outro como se de fato estivessem juntos
fisicamente. Bent traz um ar triste e
pesado, mas deixa um fio de esperança para quem o assiste, e mostra que o amor
sobrevive ao mais improvável lugar que se possa imaginar, aqui ilustrado pelo
campo de concentração da cidade de Dachau, na Alemanha. Há muito drama contido no
filme, mas toda essa dramaticidade não é gratuita, e sim traçada de forma
coerente com o contexto histórico e com a carga emocional característica dos
protagonistas. O desfecho pode trazer indignação a muitos espectadores, mas de
alguma forma representa uma realidade que ainda hoje tem seus reflexos na
intolerância humana.
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