Dispenso definições. Escolho pela metamorfose de escrever livre, longe de qualquer vulto de encaixe. Se me perguntarem sobre o que é isso, hesito em responder. Apenas sinto...

domingo

Bufo & Spallanzani (2001)


Antes de tudo, o que chama a atenção é o nome do filme. É curioso um filme brasileiro intitulado Bufo & Spallanzani. E com a sinopse lida, a curiosidade aumenta, pois se trata de um mistério, uma trama investigativa daquelas não típicas do cinema nacional. E realmente foi. Bufo & Spallanzani  mostra que o Brasil pode e consegue fazer boas obras fora dos temas sociais e dos apelos corporais, uma demonstração que nosso cinema é sólido e versátil. E logo no início a expectativa cresce, e não decepciona aqueles que buscam uma dose de suspense com tons nacionais. Na história há mortes misteriosas, detetives analíticos, romance, traição, e sapos à vontade (o nome Bufo remete a uma espécie de sapos, por isso o título). Um dos ganchos interessantes do filme é resolver uma suposta morte, que na verdade se trata de um estado temporário de coma profundo causado pela mistura do veneno do sapo Bufo com uma planta, que deixa o individuo como se estivesse morto, mas de fato não está. Outro ponto é desvendar a morte de uma mulher rica, supostamente tida como suicídio, mas cercada de aspectos ocultos que envolvem vingança e amor. O elenco conta com José Mayer, que foge da sua comum caracterização como galã conquistador e interpreta um investigador perspicaz; Tony Ramos, que também fez um bom papel como um policial obstinado; Gracindo Junior, como o marido traído e mau caráter; e a participação especial de Maitê Proença, como a mulher misteriosamente morta ou suposta suicida. O desenrolar da trama é instigante, e não há a excessiva ação de filmes policiais, e sim maciços diálogos que prendem a atenção do espectador. Porém, esperava um final mais grandioso, um pouco menos simplista no desfecho. Mas tem uma reflexão coerente em torno de sua conclusão, que nos faz pensar no caráter relativo do certo ou errado, ou seja, da natureza ambígua do ser humano. Não é um filme top 10, mas tem seu espaço na nova safra de ousadas produções brasileiras que apostam em temáticas inovadoras para a sétima arte no país. 

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