Dispenso definições. Escolho pela metamorfose de escrever livre, longe de qualquer vulto de encaixe. Se me perguntarem sobre o que é isso, hesito em responder. Apenas sinto...

terça-feira

Agradecimentos Sinceros ao Papel Nulo


Escrever é algo louco. Parece uma tormenta de pensamentos conduzidos por um furacão de impulsos e desejos. Às vezes penso: escrever para quê? Ou melhor: por que? Ou profundamente: para quem? Não sei o que me conduz a colocar palavras soltas, muitas sem lógica ou razão,em um papel que se encontrava nulo. Hum..., (...) talvez esteja aí um motivo! O papel!!! O papel nulo!!! Talvez não quisesse que permanecesse mais vazio, solitário, sem função alguma. O papel estava lá, esperando alguém desvirtuá-lo e tirar-lhe a pureza, a brancura, a paz, e o transformar num aglomerado de fragmentos estranhos a ele. Talvez esteja aí um real motivo de escrever: um simples papel. Muitos devem pensar que isso é algo absurdo e digno de desprezo. Outros acharão que estou em delírio insano ou que não estou saudável para com as minhas faculdades mentais. Pois digo a você, leitor: não, não se trata de banalidade ou alucinação. Se trata do simples fato de que não escreveríamos se não tivéssemos algo pronto para nos receber, algo virgem e intocável para podermos desconfigurá-lo. O papel em branco nos oferece tudo que precisamos: a ausência. É dessa ausência que se faz a presença, que se constrói a vida em palavras, que se desestrutura os sentimentos e se molda fragmentos. Agradeço sinceramente ao papel em branco, nulo ou vazio a chance de poder esboçar uns traços dos meus devaneios e perturbações.

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