Dispenso definições. Escolho pela metamorfose de escrever livre, longe de qualquer vulto de encaixe. Se me perguntarem sobre o que é isso, hesito em responder. Apenas sinto...

sexta-feira

Rap do Criolo Doido


Inventivo e multifacetado, Nó na Orelha consagra um rapper ao mundo pop

Ofuscado até o inicio da década de 2000, Kleber Cavalcante Gomes, mais conhecido como Criolo, saiu da toca do rap e se revestiu de um teor pop com o seu segundo disco, no na orelha, lançado em março de 2011. Nó na Orelha, disponibilizado apenas em vinil e gratuitamente através da internet, não é apenas um álbum de rap, mas absorve também a musicalidade da MPB, Funk, Soul e Blues. Trata-se, pois, de um disco para destravar os mais resistentes ao movimento Hip Hop e à música Rap, construindo um espectro de ritmos e estilos que se metarmofoseiam em uma obra de sonoridade ímpar.

Nó na Orelha vem com 10 faixas, com destaque para a que abre o disco, “Bogotá”, que se toma por uma parafernália envolvente, num misto de batuques com trompete e sax, desconstruindo logo de inicio a carga de rapper que Criolo carrega. “Freguês da Meia Noite” é um singelo “brega”, numa cadência de sutileza e suavidade, pontuado com humor e descontração. O rap vem representado na essência nas faixas “Sucrilhos”, “Grajauex” e “Lion Man”, construídos harmonicamente com a introdução de diversos elementos musicais que fogem ao lugar comum do rap e se juntam a voz afinada de Criolo, formando o que poderia se chamar, na melhor das intenções, de um “pop rap”. “Linha de frente”, que encerra a obra, é um sambinha leve na musicalidade, gostoso de degustar com os ouvidos, mas com mensagem firme e ácida para a sociedade. Além do brega, rap, soul e samba, ainda há espaço para o reggae, na faixa “Samba Sambei”.  “Não existe Amor em SP”, uma batida intimista, é de uma delicadeza na letra e no arranjo, considerada como um dos “singles” do álbum, canção que foi interpretada com o veterano Caetano Veloso no VMB 2011, da rede MTV. Além de ter o baiano ao seu lado na interpretação, Criolo venceu três prêmios no VMB 2011: o de Álbum do Ano, Música do Ano (“Não Existe Amor em SP”) e Artista Revelação.

A capacidade de Criolo de navegar entre os tênues limites da diversidade musical só reforça a genialidade do rapper paulistano em desconstruir grades e regras. Nó na Orelha é, sinceramente, dedicado àqueles que buscam na musica brasileira um som provocador, criativo e ironicamente inteligente. 

Para ouvir o álbum, clique aqui: http://www.radio.uol.com.br/#/busca/album/no na orelha 

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